segunda-feira, agosto 04, 2008

O Camaleão

Há cromos que assumem várias peles. Ou porque necessitam de uma mudança de imagem quando assumem outros papéis nas suas vidas, ou por uma simples questão de aversão ao caos ultra mediático dos nossos dias. Nos tempos livres, estes artistas obscuros preferem refugiar-se num spa recatado para jogar à bisca dos nove com amigos do género de Milinkovic ou Sérgio Lomba. Raramente são vistos por aí tal como os conhecemos. Apenas excepcionalmente os vemos tal e qual como são: por exemplo, quando saem à rua para comprar o jornal que traz como brinde uma réplica do joelho perdido de Pedro “Titânio” Mantorras ou quando vão buscar o Hélio Roque ao infantário.

Vejamos quem hoje trazemos ao nosso espaço. Vamos tentar descobrir quem ele é, observando as suas mutações de acordo com as ocasiões. É difícil que passe incógnito, tal a força da sua imagem natural. Mas ele bem tenta.
É ainda uma jovem promessa que muitos considerarão auspiciosa, tal a quantidade e o gabarito dos emblemas que apresenta no seu currículo. Este avançado fez questão de nos presentear com o perfume do seu futebol simultaneamente rectilíneo e oblíquo, desde que aqui acariciou a relva com a pungência dos seus pitons pela primeira vez, no ano passado. Houve muita gente que logo se esqueceu de Atelkin. Ou que transformou este facto em desculpa para se ter esquecido de Atelkin.

Eh pá, grande bigode! Sim senhor, uma demonstração impressionante de artur-jorgeanismo! Para começar, não está nada mal. De resto, o bigode é um artefacto muito comum na arte do disfarce: ele possui uma aura de autoridade saloia que solta o verdadeiro Matias que há em nós. E isso faz-nos bem de vez em quando, para desenjoar depois de Tanta nuno-gomice seguida. É o ideal para uma saída casual, ao domingo, para passear o Cao e talvez comprar um Sabugo ou dois.



Quando é necessária mais uma pitada de prestígio, quando chega a hora da sessão de autógrafos da praxe, o nosso jogador adopta um estilo adequado aos grandes momentos. Mais imperial que King, mais Severo que Marcos, ele desmarca-se institucionalmente dos adeptos mais impertinentes como pode, sempre sem perder a compostura. Depois apanha um táxi para casa, remete a despesa para a conta do clube e põe o traje de molho em naftalina até ao próximo evento.

Mesmo os jogadores mais reservados têm os seus momentos de folia. Num ritual inspirado nas cantigas de Vidigal e Marco Aurélio, este nosso amigo também se junta com outros colegas e solta as goelas às sextas-feiras ímpares de cada mês. Aqui o vemos vestido a rigor, integrado num grupo de tributo às Supremes, afamado pelo grande alcance vocal dos seus membros. Dizem que ele já conseguiu partir um vidro. Infelizmente, não foi pela sua voz maviosa: tentou devolver a bola ao Fusco, que estava a brincar no jardim, mas acabou por partir o vidro da casa do Juninho Petrolina. Diana Ross jurou para nunca mais.

No dia-a-dia, reconhecemos que nem sempre as coisas nos correm de feição. Surgem uns dissabores aqui ou ali com alguma frequência. É nestes momentos mais difíceis que se avalia a têmpera dos grandes Homens. E este avançado prova que quer resolver os problemas de forma exemplar: aqui o vemos numa formação on-job em pleno Uganda, num exclusivo Cromos da Bola, S.A.D.. Pouco disposto a ceder a sua carteira ou a permitir uma entrada menos Leal dum Sidraílson qualquer, este jogador metamorfoseia-se em guerrilheiro armado quando sente o chão a fugir-lhe sob os pés. Paulinho Santos, aliás, foi uma personalidade com muitas semelhanças neste capítulo. Apenas não arranjou uma arma. Em todo o caso, também não foi preciso.

Enfim, o mais certo é ser convidado para ir a um jogo de velhas glórias, reencontrar o Kipulu, dar aquela carga de ombro ao Casquilha e assoar-se na direcção do Laureta. Se o dress code for retro, que é que usualmente acontece, eis como o nosso companheiro se apresenta: impecavelmente retrógrado. Nada escapa; nem a ele, nem aos companheiros: o pelado, o cabelo ao sol, os bigodes, o equipamento… podia ser na Amora em 1981 ou em todo o lado, no cantinho das nossas memórias. Ai, ai. Consta que aquele segundo gajo a contar da esquerda na fila de baixo está a construir algo muito bonito lá para as bandas do Colégio Militar. Foi ele próprio que o afirmou, ao desculpar-se por ter pisado a cabeça de Quim Berto quando se abeirava do balcão de um snack-bar na Medideira para requisitar mais um panaché. E quem duvida?

Quem é este nosso avançado camaleão? Uma pista: não é Wason Rentería.

(Ele não pode ouvir falar em Wason Rentería… vejam o que o riso descontrolado lhe provoca…)

20 comentários:

Anónimo disse...

sr Fitxzxx ..dexe-me ver o seu bigode...



Amélia Reis Caroço

Anónimo disse...

Joao Paulo.

Que eh que ganhei? :-)

Anónimo disse...

o seu blog esta muito bom, bastante interessante

meu blog:
http://sobreofutebolcarioca.blogspot.com/

Anónimo disse...

Mais um grande post, uma lição de vida rematada com uma referência ao Fusco.
Ainda não parei de me rir com a foto do gajo de fraque. Grande JPO.

Gabriel disse...

Leram ABola ontem? Viram a recordação nostalgico/crómica que lá tinha? Volta sempre pela ala Sr. Marco Nuno!

Gino Magnacio disse...

Afinal o Jorge Andrade nao estava lesionado, sempre quis foi jogar a ponta de lanca.

Se os Gallegos descobrem

Anónimo disse...

Não, Gabriel...o que era??

Anónimo disse...

Mais uma coisa: tive que ir ver ao zerozero quem era o Atelkin. E continuo sem me lembrar de o ver jogar no Boavista. Ainda é mais refundido que os também axadrezados Fonsi e De La Sagra.

Anónimo disse...

vá lá ..sr.Fixtz..mostre-me...




Amélia R.Caroço

Rodrigues disse...

Fitzx: vê aqui
http://www.record.pt/noticia.asp?id=190&idCanal=6

...e aqui, para quem domina russo/ucraniano:
http://www.legioner.kulichki.com/index.php?id=11&lang=en&player=8

Anónimo disse...

Já me recordo assim muito por alto, depois dessa reportagem. Ucraniano do Lecce, ponta-de-lança, bluff, meia dúzia de golitos.
Lembro-me mesmo muito por Vinha.

A Bola Indígena disse...

Há uns anos atrás fui ver 1 jogo no s. luis célebre Farense-Boavista 2-2 (K porrada no final entre o joao loureiro e os bofes..) e penso k esse Atelkin marcou uma diana.. Alguem csg confirmar?

Anónimo disse...

"marcou uma diana"...tas a querer dizer q comeu uma gaja q se chamava diana q tava na bancada?

A Bola Indígena disse...

Diana es gol en español chavalito..

Anónimo disse...

Para a próxima é melhor responderes direito dezito. Fantástico blog, mais um. Cada vez melhor.

Gabriel disse...

Fitzx 1 reportagem sobre essa bandeira crómica nas alas... o Marco Nuno, até me veio 1 lágrima de saudade.

Anónimo disse...

Marcou uma Diana sim senhor, ver aqui:
http://www.foradejogo.net/match.php?match=199915400013303

Anónimo disse...

Curiosamente, o Marco Nuno também marcou nesse mesmo jogo. Espectáculo.
minutos depois houve um terramoto na Ásia, cresceu cabelo ao Prof. Neca, o Petit pronunciou duas frases seguidas e o Luís Campas subiu de divisão com alguém.

Gino Magnacio disse...

Por falar em Luis Campas, o Couceiro eliminou o Rangers das Champions

A Bola Indígena disse...

as minhas desculpas

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